sábado, 24 de abril de 2010

A CAIXA DE PANDORA TRICOLOR

por Camila Zanluchi

Você já ouviu falar no mito da Caixa de Pandora?


É um mito grego que narra à chegada da primeira mulher a Terra e, com ela, a origem de todas as tragédias humanas. De acordo com a obra, o titã Prometeu presenteou os homens com o fogo para que dominassem a natureza. Zeus, o chefão dos deuses do Olímpo, que havia proibido a entrega desse dom à humanidade, arquitetou sua vingança criando Pandora, a primeira mulher. Antes de enviá-la à Terra, entregou-lhe uma caixa, recomendando que ela jamais fosse aberta. Dentro dela, os deuses haviam colocado um arsenal de desgraças e males para o homem, como a discórdia, a guerra e todos os sentimentos ruins e maléficos existentes.


Vencida pela curiosidade, Pandora acabou abrindo a caixa, liberando todos os males no mundo.

Você que está lendo esse meu texto agora deve estar pensando: Mas o que esse mito tem a ver com o São Paulo? Afinal são em torno do tricolor paulista todos os textos, noticias e afins no Diretoria Tricolor.


Depois do jogo contra o Once Caldas no Morumbi na ultima quarta feira esse conhecido mito da Caixa de Pandora veio em minha mente para exemplificar o que na minha modesta opinião esta acontecendo no São Paulo Futebol Clube atualmente. Sinto como se alguém tivesse aberto a tal Caixa de Pandora dentro do Morumbi e todos os males do futebol nesse momento estivessem espalhados pelos arredores do nosso time.


Coisas que nunca havia acontecido no São Paulo, esse ano esta acontecendo e coisas que eram raras de acontecer esse ano se tornaram constantes e rotineiras.


Jogadores juniores se unindo contra o clube de maior estrutura em categorias de base no Brasil, jogadores reclamando de direitos de imagem atrasados, brigas entre jogadores, atletas reclamando publicamente do treinador, jogadores do São Paulo envolvidos com a policia, atletas errando lances de propósito em represália ao técnico, a passividade da diretoria com o mau rendimento do técnico, a corrida insana para provar que o Morumbi é um dos maiores e melhores estádios do Brasil implorando favores e servindo de “boi de piranha” de CBF e seus comparsas, entre outros acontecimentos que antes da chegada do meio do ano já deixou a todos nós são paulinos, no mínimo estafados.


São Paulinos, ah nós são paulinos... Como vem sendo duro e difícil torcer pelo nosso time nesse ano. Lembro-me de um slogan criado por Milton Neves na década de 90 e até “ontem” muito usado para definir o torcedor são paulino, que dizia: TORCER PARA O SÃO PAULO É UMA GRANDE MOLEZA!

Quem ai discorda desse slogan nos dias de hoje levante a mão.

A minha já está em riste!


Como está doloroso, desanimador e até desesperador torcer pelo São Paulo meus amigos.

É um misto de sentimento que nos está como eu disse lá em cima, nos estafando e nos desanimando de ir aos estádios, de ligar a TV para assistirmos as noticias e aos jogos do tricolor. Ficamos ansiosos e ao mesmo tempo desesperados com a possibilidade de mais um fracasso, de mais um erro bisonho de algum jogador ou de mais uma demonstração notória da incompetência do técnico Ricardo Gomes.


O jogo termina, destilamos os nossos venenos no Twitter, e-mail, orkut, no trabalho, escola e em casa pra logo depois, no próximo jogo já mostrarmos o maior otimismo do mundo em relação ao jogo que está pra começar.


Que loucura está sendo torcer pelo São Paulo.

É uma miscelânea de sentimentos, que infelizmente em sua maioria esse ano está vindo com uma carga polarizada de negativismo.


E preciso confessar amigo tricolor, fazia MUITO tempo que eu não me sentia tão desanimada assim como o São Paulo como agora, e olha que já passamos por situações mil vezes piores que essa, mas sempre com a certeza que se a coisa piorasse a diretoria daria um jeito de pelo menos tentar arrumar a casa, coisa que dessa vez não esta acontecendo.

Sim, estou triste e desapontada, pois fui mimada com títulos, conquistas, garra, amor à camisa e um orgulho incondicional de ser são paulina.


Mas dessa vez estamos vendo o nosso time com todos os males do futebol, penando para ganhar de equipes medíocres e perdendo pra medianas e grandes, estamos gritando, pontuando falhas, implorando por mudanças físicas e emocionais no elenco, e não estamos sendo ouvidos.

E o que somos obrigados a ouvir depois de anos de devoção, de torcida e de conquistas?

TORCIDA NÃO DERRUBA TÉCNICO! NÃO TEMO A REAÇÃO DA TORCIDA!


Mas voltando ao mito da Caixa de Pandora, deixei de citar um fato sobre ele muito importante.

Dentro da caixa havia todos os sentimentos ruins e apenas um bom.

Apenas um sentimento bom, que Pandora ao perceber todos os sentimentos ruins se esvairindo da caixa, fecha a mesma e o prende lá dentro, guardando-o e protegendo dentro da caixa. E é nele que acredito e coloquei todas as minhas forças para os próximos dias.


Qual o nome desse sentimento?

ESPERANÇA.


Camila Zanluchi, 30 anos, uma quase psicóloga de corpo e futura jornalista de coração. Criada em uma familia palmeirense, aos 12 anos no primeiro titulo da Libertadores do São Paulo foi tomada por um amor incondicional ao time, que é demonstrado diariamente desde então. Apaixonada por escrever e por futebol, juntou o útil ao agradável e hoje colabora com alguns blogs decorrendo sobre suas paixões.
twitter.com/camilazanluchi

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