sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

E se eu fosse você

por Camila Zanluchi

Créditos Foto/Divulgação Wagner Carmo/VIPCOMM


Na noite passada tive um sonho muito estranho.

Quando acordei essa manhã, meus pensamentos fervilhavam na mente tentando lembrar detalhes desse citado sonho, que naquele momento matutino me parecia tão real, como se eu realmente tivesse vivenciando tudo aquilo que agora eu me recordava com tanta naturalidade.

Por mais que eu tentasse, naquele momento detalhes não me vinham à cabeça e eu lembrava desse sonho de forma geral. Resolvi então colocar as idéias que apareciam em minha mente, descompassadas e sem nexo algum, em um papel para facilitar a minha compreensão dos fatos do mesmo.

Na verdade o que sonhei é o sonho de 9 em cada 10 torcedores de times de futebol no mundo. Todos com certeza pelo menos um dia sonharam em ser o técnico de futebol do seu time de coração; já se visualizou ali, do lado do gramado, dando as ordens e fazendo as modificações que sempre gritou nas arquibancadas e na frente da TV quando os jogos do time em que torce estão sendo transmitidos.

Pois é meu caro amigo (a), na noite passada eu sonhei que era o Ricardo Gomes.

Sim, como no filme do Toni Ramos e da Glória Pires, eu também, não me pergunte como, fui parar dentro do corpo do Ricardo Gomes, técnico do nosso amado Tricolor Paulista. E como todo sonho tem que ter uma pitada de ação, suspense e porque não, de comédia fui parar no corpo do nosso técnico na semana que antecedia o clássico contra o Palmeiras pelo Campeonato Paulista de 2010, vulgo, essa semana mesmo.

Pensei comigo, já acordada: Semaninha fácil a minha não?!

Foi aí que o sonho começou a passar diante de mim como um filme assistido no cinema, em que o único publico estava ansioso demais por esse tal sonho de consumo.

Logo de cara, me vi na cena; eu estava no Centro de Treinamento do São Paulo concentrado, um dia antes do citado jogo contra o Palmeiras. Pô, justo contra o Palmeiras que acabou de trocar de técnico, se perder esse jogo a imprensa inteira vai voltar a falar naquela clássica história do bêbado, se ganhar bateu em bêbado (grande coisa, fez o São Paulo) e se perder, perdemos para o bêbado (não acredito que o São Paulo perdeu pra um adversário que acabou de ser montado).

Justo agora que ainda não conheço todo o elenco, que ainda estou fazendo alterações e testes no time para tentar enquadrar melhor todos os jogadores, ou porque não dizer, todas as melhores peças do mercado que me foram cedidas aqui no São Paulo para que eu fizesse o melhor trabalho dos últimos anos (pelo menos é o que o Juvenal me lembra toda vez que aparece por aqui).

Já até antevejo como será minha segunda, caso a vitória não venha no domingo. É claro que não sairei na rua, só por alguma emergência, por que serei cobrado como se o São Paulo tivesse perdido a final da Libertadores para o maior rival ou como se fosse o presidente da república em um caso de catástrofe nacional.

Algumas pessoas me olharão torto e outras vão preferir me encarar mesmo, como se eu fosse íntimo e fosse freqüentador da casa de cada um, como se fosse um amigo que tivesse falhado e os decepcionados.

Isso sem falar nos que virão até mim, inquirindo sobre a escalação e sobre as mudanças que realizei no decorrer do jogo. Nessa hora todo mundo vira técnico de futebol, um especialista na área de fazer mudanças e armar estratégias invencíveis para o time do coração, como já diz aquele famoso bordão.

Isso sem falar naquela Camila Zanluchi, que fica escrevendo textos e mais textos na internet me chamando de técnico básico, água com açúcar e apático. Juro que queria muito que ela estivesse aqui no meu lugar para entender o que eu passo.

Opa, peraí; ele sou eu agora, nada de falar mal da minha pessoa mesmo, afinal ele está no meu sonho e hoje ele é o Ricardo Gomes com alma de Camila Zanluchi. Só tenho que tomar cuidado com os trejeitos femininos, para evitar futuros comentários homofóbicos.

Mas vamos lá, escalar o time para amanhã.

Coisa mais fácil do mundo, que todo técnico faz drama na hora de dar coletivas e entrevistas antes de jogos, ainda mais agora que a diretoria do São Paulo colocou a disposição dele dois jogadores ótimos por posição, deu a ele o que todo técnico do mundo quer, opções e banco. Um ótimo banco por sinal.

Vamos lá então Ricardo, vamos mostrar ao mundo como se faz. E vou tirar essa música clássica que você ta ouvindo que é chata demais, véspera de jogo importante como esse contra o Palmeiras tem que colocar algo com sangue nas veias, vamos de U2 então para as idéias fervilharem na mente (pensei em colocar Rebolation no ultimo volume para dar uma rabiscada na imagem dele, mas achei que seria maldade demais).

Papel e caneta na mão; vamos lá.

Embaixo das três traves, nossa que dificuldadeeeee... A posição mais difícil de ser escalada no São Paulo há 427 anos: R – O – G – É – R – I – O! O presidente!

Hum, vejamos agora...
Qual esquema?
O melhor, com certeza, o 3 – 5 – 2 , que o time sabe jogar como ninguém no Brasil.

Na zaga, vamos de Miranda, Xandão e Renato Silva. Com a sempre certeza da presença de André Luis no banco, ele é mais seguro por lá.

Nas alas, Cicinho e Jorge Wagner, mas o Junior César vem jogando demais nos últimos jogos, como tirar ele do time, o cara corre demais. Bom, deixa que depois resolvo isso, porque o Jorge Wagner também não pode ficar de fora.

Preciso de mais 3 no meio campo, vamos lá. Vamos de Hernanes, Cléber Santana e Marcelinho Paraíba, ops... Mas quem vai marcar nesse time no meio campo? O Jean não pode ficar fora desse time, vamos colocar ele na ala direi... Nem pensar, se eu tirar o Cicinho do time nesse momento agora, o Ricardo Gomes com alma de Ricardo Gomes será escalpado em praça publica na segunda.

Então vou mandar o Hernanes ficar na marcação, segurar mais a bola no meio campo. Mas não, ele não rende bem fazendo isso. Vou colocar então o Léo Lima e tirar o Cléber Santana, que vem jogando muita bola também. Não, essa também não dá.

Vou deixar pra decidir o meio campo por ultimo.
No ataque é fácil, Washington e Dagoberto.
Nossa, esqueci que o Dago ta machucado.
Então, vou surpreender todos e colocar o Henrique com o Coração Valente na frente.
Mas será que ele tem maturidade pra ser titular em um clássico já?

Vou fazer o seguinte então: Colocar o Junior César na ala esquerda, puxar o Jorge Wagner pro meio e colocar o Marcelinho Paraíba no ataque com o Washington.
Ainda continuo sem ninguém pra dar o primeiro combate no meio de campo.
Richarlysson suspenso não me ajuda em nada.
Vou mudar o esquema então, vamos no 4 – 4 – 2.

O Palmeiras perdeu feio no meio da semana, não vou me preocupar com marcação não, quero mais é golear, vou colocar o time todo no ataque.

Mas o Diego Souza pode estar inspirado.
Aí meu Deussssssssssss...

E agora? Ainda tem Alex Silva, Rodrigo Souto e Fernandinho para serem titulares, aonde vou colocar esses caras? E a imprensa não para de falar no Fernandão, aonde vou colocar ele nesse time, no lugar do Rogério?

Ahhhhhhhhh... Não quero mais brincar disso!
Foi aí que acordei assustada e suando frio, ofegante.

Na verdade não sonhei, foi um pesadelo e juro na quero mais brincar de ser Ricardo Gomes e nem sonhar em ser o mesmo.

Respirei aliviada e pensei: Não sou paga pra isso mesmo, se vira Ricardo Gomes, você é apático demais caramba. E sorri aliviada...


Fácil demais ser torcedor!

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