Coluna do Zanquetta

por Alexandre Zanquetta

Interrogações de sobra. Como todo sãopaulino, na noite de domingo dia 21/02, fiquei preocupado. Ansioso. Irrequieto e extremamente apreensivo com o anúncio que recebera por torpedo logo após a coletiva. Por volta de umas nove horas, soube que levaram RG ao hospital para exames. Se não bastasse a derrota para o Palmeiras e o futebol apresentado em campo, agora isso. Recordei-me das vezes que Muricy também teve de ser levado ao hospital. Só com um detalhe grosseiro. Muricy era o Muricy. Tinha todos os motivos do mundo para ir a um hospital. RG me pegou de surpresa.

RG não está na forma que o consagrou na zaga dos clubes que passou. Entretanto, nem de longe carrega uma corcova na pança como Muricy, Joel, Geninho entre outros ilustres treinadores. RG ainda tem 45 anos contra a idade avançada de outros. RG não é o tipo mal humorado e briguento. Pelo contrário. E ao contrário de Muricy que ia ao hospital, nele não via motivo. E isso me preocupava mais. E o anúncio de que tivera um AVC pouco além da meia noite, deixou um vazio. Não sei exatamente se foi pelo fato de meu avô ter sofrido um AVC que o prejudicou e algum tempo depois o levou ao falecimento ou se pelo fato da gravidade exata para um homem na idade do treinador, o impacto disto para ele, sua vida, sua família e carreira. Apenas após pensar no ser humano, na pessoa de bem que é, caí num profundo abismo de preocupação em relação ao São Paulo.


Deixei de lado um pouco a preocupação com ele com a notícia de que logo pela manhã receberia alta da UTI e seria levado ao apartamento. Quanto ao abismo, o qual ainda não parei de cair, este incomodava. E agora sem o Ricardo Gomes? O que faremos em no mínimo 1 mês nesta fase primordial que é de reta final de classificação no paulista e pontos chave na Libertadores? JJ é ótimo para orientar e indicar caminhos. Mas na beira do campo e no dia a dia, ainda é necessário um treinador que conheça do riscado.


RG diz que volta antes de 1 mês. O seu problema é grave. Não é bem assim. E o ritmo dele? E o clube?


JJ afirmou em entrevista esta semana, que Milton Cruz pode dar conta até a volta do RG. Balela. Nem ele, nem ninguém acreditam nisto. A diretoria, que se reuniu com os jogadores após a derrota pífia contra o Palmeiras, ou melhor, JJ na frente, cobrou e deu recados. A paciência dele havia acabado. JJ motivou todo mundo e falou que queria a vitória na Colômbia. Surgiu a conversa de bichos para a Libertadores. De novo esse papo. E adiantou de quê?
JJ está com pouco caixa sem patrocinador. O clube hoje está apertado. Tem muita coisa sombria no meio da história do clube hoje. Ele afirma que precisa pagar conta, fechar o balanço, manter o estádio, manter as glórias, a dignidade e a decência deste clube, por respeito ao torcedor. Sem futebol em campo está difícil, né JJ? Sem raça, sem garra e sem tesão em campo fica difícil.


Ele perguntou o que é o futebol senão a paixão. O que é JJ? Se você mesmo diz que não pode confundir business com amor. Como fica o business sem bom futebol e sem perspectivas boas e sem bons resultados em campo? Vamos melhorar, ele diz. Eu acredito. Ele entende muito de futebol mesmo. E está interferindo diretamente agora. Mas e neste tempo sem ele? E se ele voltar e não estiver bem? E se for mais que 1 mês? E se RG não quiser continuar no comando e não sentir que isso será válido em detrimento de sua saúde? E se os médicos o proibirem? E como ficaria nosso ano já que este mês não é como um Janeiro. Este final de Fevereiro a Março, é primordial.


Vi uma agonia logo pela manhã em muitos torcedores. Pessoas preocupadas com o homem e com o treinador num momento tão importante. As preocupações se confundiam entre o comandante e a pessoa. Será que ele ficará bem? Terá seqüelas? Continuará no futebol? Terá estrutura para trabalhar? Deveria tornar-se dirigente em prol de si próprio? Enfim, uma chuva de perguntas em nossas mentes.
Claro, que também presenciei muitos animais que comemoraram o problema de RG fazendo do mau futebol do São Paulo em campo, uma justificativa. Um absurdo. Torciam contra a pessoa para que ele não treinasse mais o São Paulo. Ato abominável.


Como também foi abominável as piadinhas de muitos torcedores rivais e até de jornalistas que na televisão, brincaram com a doença que leva sanidade, bem estar e vida de muitas pessoas. Se não bastasse apenas o fato de RG estar internado devido ao problema e graças a Deus estava bem. Quando Dr. José Sanchez de Aquino confirmou que ficaria afastado por pelo menos 4 semanas e sem TV, já contava com pelo menos uns 200 e-mails me perguntando sobre treinador novo e quem seria.
Confesso, que já estava pensando nisto desde a noite anterior. Estava difícil encontrar um nome à altura. E ainda ficava aquele peso. Mas e o Ricardo? Egoísmo ou amor demais ao São Paulo FC? O barco tem que seguir, a fila seguir. O show continuar me disse um colega. Ok. Comecei a pensar com mais afinco. Porém, meu único nome seria mesmo Felipão. Talvez um Abel Braga. Começou um forte movimento pró Muricy e outros de desespero só de aventarem seu nome. Apesar de respeitar muito sua história, não seria momento. Ainda é recente e Muricy merece um chá de cadeira para pensar na vida. Repensar muito. Há quem diga que JJ o quer de volta.


Fui claro aos nomes que um São Paulo merece: Autuori, selou paz em seu clube (parece...). Abel, caro (será?). Felipão muito mais caro e só retorna em 2011 (outra conversa pra 2011...). Dorival Jr, ganha muito e está muito bem no Santos. Mano, não. Luxa, não duraria nem 5 minutos com JJ (como o próprio disse). Adílson Baptista, está no mesmo caso de Dorival. Leão nem pensar e JJ nunca o traria de volta depois do que fez ao clube em 2005. Cogitou-se Zetti, Cerezo e até Baresi. Falou-se em Raí. Eu pensei em Zico. Depois Alfio Basile, ex Boca. Parei de pensar quando me acenaram que Joel Santana seria um monstro no São Paulo...


A verdade, é que continuo apreensivo. Como a maioria. Depois de partidas ruins, mau futebol contra pequenos e péssimo contra grandes em clássicos, ficou ainda maior mais a agonia.Como seria contra o Once Caldas, nosso algoz de 2004 em Manizales? Milton Cruz levava Cicinho como dúvida, Alex Silva depois de 7 meses parado e R. Souto 3 meses para uma partida de tal magnitude sendo que nem banco tínhamos direito. Dagoberto, Fernandinho, A. Luís, R. Silva e Jr César fora. Como se sairia Milton Cruz que ganhara carta branca de RG no hospital para mexer na equipe e montar como desejasse? Este mesmo MC que avisara que não tinha intenção de ser treinador. Foi complicado manter a mente em algo que não fosse isso e como ficaria o São Paulo para 2010. E isto perdurou até quinta na hora do jogo.


E... piorou tudo. Dois olés em menos de 1 semana. Milton Cruz mostrou que é muito cínico ao afirmar que a equipe foi bem. RG deve estar sob dopantes para alegar que gostou do time. Ambos, mostraram-se incapazes de permanecer à frente da equipe por cegueira ou sanidade. RG está querendo antecipar sua volta. Ele sabe que as coisas não estão boas para ele. Nada boas. Ele quer estar ali e fazer de tudo para salvar o seu cargo e seu momento. Ele acredita que com as entradas de Souto, A. Silva, melhoria do físico de Cicinho, retorno de Dagoberto e estreia de Fernandinho, as coisas melhorem.
Sim, mas e aí? E o esquema tático, e o desenho de jogo? E a falta de brio, a falta de raça, garra? E a alma que falta? E o estilo de jogo que vise fugir de burocracia, anti jogo, covardia, apatia, obviedade e acefalia que sofremos? Como fica a falta de estilo de jogo sem aproximação de jogadores, sem luta, sem ultrapassagens, sem chutes, sem arremates, sem tabelas, sem jogadas ensaiadas, sem proteção, sem organização, sem padrão e sem consciência? E a filosofia do faz 1x0 e recua? E o futebol em câmera lenta? Sem coletivo? Estamos sem rumo. RG sem condições de doar-se ao máximo e com receios, na corda bamba é uma boa opção de ser mantido?


A pergunta fica e ficará ecoando em minha mente sem parar: E agora? E agora JJ?


O que será de 2010? Arriscaremos o ano? Que as respostas que tenhamos, não sejam a que a lógica atual aponta...Torçamos! Afinal, somos o time da fé. É o que nos resta. Porque o momento é delicado...Vitória contra Monte Azul não pode nos enganar.


RG. Isso tudo pesa para quem é ser humano. Nosso amor pelo time é incomparável, mas a pessoa RICARDO GOMES necessita de nós sãopaulinos por alguns instantes também. Rezem, orem, mandem energia positiva. Nossa torcida deve ser para ele neste momento. Para que tenha um bom futuro e para que seja feliz com saúde. Receba nosso carinho e torcida. No São Paulo ou não. As coisas não podem ser confundidas.


Fernandinho! Eu digo desde agosto de 2009 que esse cara seria o cara. Quem acompanha minhas colunas, o Blog sabe disso. O que ele fez neste domingo, é só o começo! Esse fará história!

Alexandre Zanquetta
Contato: zanquetta@hotmail.com

Opinem na coluna do Zanquetta, toda segunda feira, logo mais o Raking atualizado do Bolão Diretoria Tricolor, fiquem atentos!

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